terça-feira, 20 de julho de 2010

Projeto Ivete 2009

ESCOLA MUNICIPAL ALTAIR FERRAIS DA SILVA – “ZIZO”

Projeto “Leitura, Viaje nessa idéia”
2009
PROFESSORA – IVETE TONTINI DA SILVEIRA
PUBLICO ALVO- 2º ANO
FOZ DO IGUAÇU, 2009

JUSTIFICATIVA

No cotidiano os professores buscam formas de tornar o ensino mais estimulante e desafiador, uma das alternativas é aliar o prazer e o divertimento à aprendizagem. Porém nem todas as situações ensino – aprendizagem possibilita um trabalho com a dimensão lúdica, utilizando-se de jogos, leitura de história e brincadeiras são perfeitamente possíveis e necessárias para trabalhar alguns conteúdos.
Tendo em vista as dificuldades na leitura e escrita surgiu a idéia de buscar maneiras diferentes das tradicionais para estimular aos alunos a pratica da leitura e escrita.
A escola recebeu da Secretaria Municipal de Educação ( SMED) e do programa Nacional de Biblioteca na Escola ( PNBE ) um grande número de livros de literatura infantil de alta qualidade. Este programa tem objetivo principal democratizar o acesso de literatura infanto-juvenil. Como a escola não possui biblioteca, lançamos este projeto para que esses livros não ficassem guardados e com acesso restrito em sala de aula, adaptamos ações em que essa tarefa fosse prazerosa para todos e onde a comunidade escolar pudesse participar do processo.
A alfabetização perpassa por inúmeras dificuldades, enfrentadas principalmente pelos alunos, mesmo ainda no inicio da alfabetização, eles já lêem e interpretam o mundo a sua volta, mesmo que não domine as particularidades de funcionamento da escrita.Por isso essa vivência tem que ser valorizada e explorada. Não se pretende mais que o aluno primeiro se alfabetize e, só depois de “pronto”, possa usar a escrita para ler e escrever, seja em tentativas iniciais, em que elabora e reelabora hipóteses sobre a organização da escrita. Os quais ao mesmo tempo em que se familiarizam com o Sistema de Escrita Alfabética, para usá-lo com desenvoltura.
O professor é um dos maiores responsáveis por incutir o hábito da leitura em seus alunos, mas primeiramente, o professor deverá ser um apaixonado pela leitura um verdadeiro leitor . As palavras de Ruth Rocha ( Ensinando a gostar de ler, Raquel Villardi pg. 66 ) nos faz pensar e analisar.

“Às vezes a escola é a única oportunidade que as crianças têm de entrar em contato com a leitura .Mas a leitura não pode ser encarada como uma obrigação escolar. Nem selecionada pelo que tem de “mensagem”. Deve ser posta na escola como educação artística , não como lição ou tarefa. O texto não pode ser usado por exemplo, para a aula de gramática , a não ser de maneira muito viva ,engraçada,interessante. Se assim não for, vira obrigação e, como diz Lobato, “é capaz de vacinar a criança contra a leitura para sempre.”

Como ponto de partida, tornamos a necessidade de que a escola ofereça aos alunos os primeiros momentos, oportunidades de contato com a leitura e escrita como práticas sociais, ou seja, revestida de significado. Não se forma bons leitores se eles não têm um contato íntimo com os textos. Há inúmeras maneiras de fazer isso. O importante é que o material escrito apresentado aos alunos seja interessante e desperte a curiosidade das crianças.
Através do incentivo, conduzirá o aluno com maior segurança ao hábito da leitura. Assim, as crianças devem ver na leitura algo interessante e desafiador, uma conquista capaz de dar autonomia e independência. Por isso, a criança deve ter a escola, como um espaço privilegiado para a leitura e a escrita. Segundo WERNER ZOTZ, “(...) todos gozam do mesmo direito de ler.
Pretende-se assegurar que o momento de leitura seja trabalhado de uma forma consciente, para preencher o máximo de tempo que aparecem na rotina escolar, mas que a escola tenha um momento assegurado para sua realização, que seja uma atividade aplicada com regularidade onde o professor planeje e desenvolva todo o potencial existente nestas atividades de leitura.

OBJETIVO

Mediar os alunos do 2º ano do ensino fundamental, por meio do Projeto Leitura, Viaje nessa idéia a práticas que possibilitem a leitura desenvolver capacidades, superar limites, estabelecer relações de convívio social. Construir e produzir conhecimento através do uso de jogos e brincadeiras, além de promover a apropriação do Sistema de Escrita Alfabética por meio da leitura, escrita e oralidade significativas.

Objetivo Específico:

•Incentivar a leitura e o contato com os livros desde cedo. Aproximá-las do universo escrito e dos portadores de escrita (livros e revistas) para que elas possam manuseá-los, reparar na beleza das imagens, relacionarem texto e ilustração, manifestar sentimentos, experiências, idéias e opiniões, definindo preferências e construindo critérios próprios para selecionar o que vão ler.
•Facilitar ao aluno à integração e descoberta da leitura prazerosa.
•Conhecer a criança e aprofundar seus conhecimentos referentes a leitura.
•Possibilitar a integração dos pais com os filhos através do projeto de leitura, para que se torne um hábito familiar
•Ampliar o repertório de histórias que elas conhecem.
•Fazer com que construam o hábito de ouvir histórias e de sentir prazer nas situações que envolvem a leitura de histórias.


CONTEÚDOS ABORDADOS

Português
Oralidade:
•Relato de histórias ouvidas ou vivenciadas, casos, poemas e reprodução oral de textos diversos (publicitários científicos e poéticos).
•Dramatização;
•Exploração de poesias, trava-línguas, parlendas, músicas.
•Interpretação de formas variadas de representação (mímica, dramatização, desenho, pintura, esculturas, número, entre outros), a partir do gênero trabalhado.
Leitura:
•Leitura, pelo professor, alunos e pais , de diversos tipos de textos literários e poéticos, Devem ser observados os seguintes pontos: sentenças e textos; identificação das idéias básicas dos textos; síntese das idéias principais do texto lido ou ouvido; reconhecimento da intenção da situação em que o texto foi produzido;
•Fluência, pontuação e ritmo, no que tange aos aspectos mecânicos da escrita.
•Idéias principais e secundárias, texto e contexto.
•Participação nas exposições orais, escutando com atenção, respondendo e elaborando questões, expressando opinião.
•Reconhecimento de partes (título, parágrafos, introdução, conclusão etc.) que compõem o texto oral e escrito (de acordo com o gênero).
Escrita:
•Exploração de material escrito: nomes, rótulos, textos, livros de literatura.
•Representação da escrita a partir de histórias relatadas, vivenciadas ou lidas;
•Comparação e diferenciação de escrita diversificada;
•Pesquisa de escrita, desde palavras até textos;
•Produção e reestruturação de texto.
•Propiciar a escrita de diferentes textos: informativos, poéticos, narrativos, para a compreensão das estruturas;
•Criação de histórias e manifestação, com ponto de vista pessoal, adequação formal: ortografia, letras maiúsculas, linguagem padrão;
•Organização adequada de textos;
•Produção e reestruturação de texto;
•Proporcionar o questionamento para eliminar dúvidas;
•Proporcionar diversas situações de leitura para desenvolver a escrita, levando o aluno a concluir histórias, versos e composições.
•Reprodução oral das idéias veiculadas no texto.
Matemática
•História dos números
•História do tangram
•Duração e seqüência temporal (hora e minuto;dia; semana, quinzena,mês, bimestre, trimestre, semestre, ano, década e século.
•Quantidades até 50 através da história dos números
•Coleta e organização de dados..
•Construção de tabelas e gráficos de barras ou colunas com uso de legendas.
•Leitura e interpretação de gráficos e tabelas.
•Classificação dos sólidos geométricos e das figuras planas de acordo com critérios convencionais e utilização de nomenclatura.
•Significado de escala
•Significado de simetria
Ciências
•Classificação geral dos seres vivos
•Vegetais e o ecossistema
•Saúde e melhoria da qualidade de vida .Saúde do homem e do ambiente
•Prevenção à dengue
Artes
•Música: dramatização de música.
•Teatro: produção de peças teatrais e apresentação.
•Ilustração de textos, confecção de livrinho de dobradura, pintura de sucatas confecção de brinquedos com sucatas, colagem e recorte.
Educação Física
•Jogos envolvendo a leitura e cálculo mental

METODOLOGIA

Ao ler, o leitor usa a informação gráfica do texto, mas também utiliza uma informação não-visual, construída por seus conhecimentos prévios sobre a linguagem, sobre o tema que lê e sobre o tipo de texto. A seguir, descrevo as atividades realizadas com recurso didático no processo educativo da formação e alfabetização dos alunos do 2º ano da Escola Municipal Altair Ferrais da Silva “ZIZO”.
A primeira prática foi a leitura de cartazes na sala ( Anexo 1) . Os alunos realizaram leituras de diferentes tipos de texto na sala de aula e no pátio da escola. ( Anexo 2 )

Uma das sugestões foi a caixa de leitura onde uma caixa com vários livros separados o que pode interessar a cada série ,ficava na sala para que os alunos pudessem ler, o professor regente ficava responsável em emprestar o livro e recolhê-lo, no mês de julho à direção mandou confeccionar uma Estante para todas as salas de aula , assim facilitando o acesso dos alunos aos livros . (Anexo 3 )

É importante a pratica da leitura ser todos os dias, assim sempre havia um momento estrategicamente planejado para a leitura do professor, a hora do conto as vezes acompanhadas de exercícios e outras não. (Anexo 4)

Foram desenvolvidas oficinas de leitura, onde estagiários, serventes, pais e alunos da 4ª série liam diversos tipos de histórias, fabulas, lendas, novelas e história em quadrinhos para pequenos grupos de 3 a 4 alunos que saiam da sala e juntamente com o leitor procuravam um local adequado (embaixo de árvores, bancos, gramado, biblioteca, por todo o pátio da escola). (Anexo 5 )

nos começaram também a levar para casa a “MALINHA DA LEITURA” cada turma tinha cinco malinhas e dentro das mesmas foram selecionados livros de literatura, acompanhados de um texto e uma cartinha para que os pais fizessem a leitura à euforia foi muito grande, pois, todos não viam a hora de levar a malinha para casa. E assim a leitura tornou-se um hábito para a grande maioria.Depois que o aluno retorna com a “Malinha”,quem quiser comenta sobre o que leu, não é uma tarefa obrigatória . ( Anexo 6)

Muitas atividades foram realizadas no decorrer do projeto a partir de brincadeiras com a pretensão de desenvolver as habilidades em consciência fonológica e raciocínio lógico, incentivando a criança a participar ativamente das atividades e a construir suas próprias hipóteses. Foi trabalhado bastante com o alfabeto móvel de degrau e também com o joguinho de sílabas, material onde a criança tirava suas dúvidas com relação à ortografia de algumas palavras em suas músicas e nos seus trabalhinhos realizados em sala como também nas pequenas produções de textos realizadas. ( Anexo 7 )


As crianças aprenderam muito através dos jogos : Jogo da memória, quebra cabeça , trilha, formar frases com dado onde tinham que ler e interpretar as regras , tinham que ler as palavras para encaixar com o desenho. Aprender com o outro é mais rápido e mais efetivo porque é mais prazeroso. Uma das coisas que o jogo assegura é esse espaço de prazer e aprendizagem Piaget afirma que "O jogo é um tipo de atividade particularmente poderosa para o exercício da vida social e da atividade construtiva da criança" ( Anexo 7 )


O varal de letras é um recurso didático que acompanha o livro e que pode ser usado durante todo o trabalho. Composto de seis alfabetos completos, o varal possibilita atividades e jogos de leitura e escrita e auxilia no processo de socialização, a partir do trabalho em dupla ou em grupo. (Anexo 8 )

Alfabetizar uma criança é colocá-la em contato com o mundo da escrita e da leitura para que ela possa apropriar-se de significados, construírem conhecimentos e se construir como sujeito. Construir textos a partir da literatura infantil é uma atividade muito gostosa, porque quem lê tem um bom domínio da língua que é requisito essencial para quem vai produzir textos. As atividades a serem apresentadas adiante foram trabalhadas de forma interdisciplinar no dia-a-dia de sala de aula, confecção de livrinhos de historias com dobradura. (Anexo 10 ), leitura de textos informativos, Cartilha da dengue onde os alunos fizeram leitura, colagem e recorte ( Anexo 10 ). Todos os alunos receberam um Livro “história de outrora historias de agora” com um caderno de atividades do Leitor , a troca de cartas entre salas também foi uma forma de articular a leitura e a escrita para que a atividade escrita tenha outro destinatário além da professora . Os alunos trocam cartas com outra turma da mesma série e o professor garante o envio e o recebimento das respostas, com o objetivo de trabalhar a função da escrita ( Anexo 11 ) .Desenvolvemos muitas atividades utilizando o dicionário ilustrados voltados para a alfabetização. ( Anexo 12 )


Confeccionaram livrinhos em EVA e leram livros para os alunos do 1º ano onde foi um momento onde os alunos se acharam importante e grandes leitores elevaram sua auto – estima. ( Anexo 13 )

E também leram muitos livros para os alunos do 1º ano que ouviam admirados utilizaram–se de uma televisão feita com uma caixa, foram contadas várias histórias. ( Anexo 14 )


Depois de ouvirem várias histórias os alunos escolheram a “A Dona Baratinha” para a realização de um teatro,todos ficaram eufóricos até chegado o dia da apresentação. ( Anexo 15 )

Realizou-se na escola uma feira de livros, onde toda comunidade teve acesso a diversas obras e gêneros . ( Anexo 16 )


Na Amostra Pedagógica realizada na escola, os alunos puderam mostrar seus trabalhos realizados em sala. Seus trabalhos foram expostos à comunidade escolar e eles mesmos faziam questão de estarem mostrando e comentando seus trabalhos. ( Anexo 17 )

No anexo 18 serão apresentadas algumas atividades enviadas pela SMED, para se trabalhar a leitura, interpretação e o dicionário. As historinhas foram trabalhadas no multimídia.. ( Anexo CD )
REFERENCIAL TEÓRICO


Nos últimos anos a leitura virou um assunto prioritário nas políticas publicas. No Brasil, a movimentação em torno da motivação a leitura surgiu com a criação da Politica Nacional do Livro, Leitura e Biblioteca.
Toda essa movimentação em torno da leitura e do livro é mais do que oportuna: é necessária. Afinal a leitura é muito mais do que um instrumento escolar. Ler na escola é ler para inserir-se na sociedade letrada. A leitura não é somente a apropriação do ato de ler e escrever, ela envolve o domínio de um conjunto de práticas culturais que envolvem uma compreensão do mundo diferente daquela dos que não tem acesso à leitura. A leitura tem um papel tão significativo na sociedade que podemos dizer que ela cria novas identidades, novas formas de inserção social, novas maneiras de pensar e agir.
As pesquisas mostram que as crianças pequenas pensam no texto escrito muito antes que imaginamos. Á medida que vão operando com a escrita vão entendendo como ela funciona. O mundo do texto está nos livros, nos cartazes, nas revistas, nos jornais e nas leituras em voz alta feita pelos alunos.A leitura, a escrita e a linguagem oral se desenvolvem separadamente. É necessário que as crianças participem de situações onde a escrita adquire significação.”( Pátio, Revista Pedagógica Nº33 )
O universo da leitura envolve o ser humano por todos os lados, estimulando a aprendizagem, tarefa delegada à escola Por ocasião da alfabetização, nos primeiros anos da educação fundamental.Nem sempre os resultados são positivos, e muitas crianças acabam por ficar excluídas do mundo das letras, aquele mesmo que as rodeiam e que gostariam de decifrar.
A leitura é à base do processo de alfabetização e também da formação da cidadania. Ao ler uma historia a criança desenvolve todo um potencial critico: pensar, duvidar, questionar. “Ler é estimulante” (Silva, 2009).
Ao falar da alfabetização, não se pode descartar o letramento. Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno.
Alfabetizado é aquele individuo que sabe ler e escrever. Letrado é aquele que sabe ler e escrever mas que responde adequadamente às demandas sociais da escrita.
“O sentido ampliado da alfabetização, o letramento, [...], designa praticas de leitura e escrita, a entrada da pessoa no mundo da escrita se dá pela aprendizagem de toda a complexa tecnologia envolvida no aprendizado do ato de ler e escrever. Alem disso o aluno precisa saber fazer uso e envolver-se nas atividades de leitura e escrita. Ou seja, para entrar nesse universo do letramento, ele precisa apropriar-se do habito de buscar um jornal para ler, de freqüentar livrarias e com esse convívio efetivo com a leitura, apropriar-se de escrita” (ESPINDOLA, 2009, p. 01)

A alfabetização, a leitura e a produção textual têm sido alvo de grandes discussões por parte dos estudiosos da Educação, já que há muitos anos se observam algumas dificuldades de aprendizagem e altos índices de reprovação e evasão escolar. Dentre as questões mais focalizadas, destaca-se o ensino da língua materna. A dificuldade, após anos de escola, de o aluno escrever um texto coeso e coerente culminando na insegurança lingüística demonstra o fracasso das práticas lingüísticas das aulas.
A função primordial da escola seria, para grande parte dos educadores, propiciarem aos alunos caminhos para que eles aprendam, de forma consciente e consistente, os mecanismos de apropriação de conhecimentos. Assim como a de possibilitar que os alunos atuem, criticamente em seu espaço social.
Freqüentemente o aprendizado fora dos limites da instituição escolar é muito mais motivador, pois a linguagem da escola nem sempre é a do aluno. Dessa maneira percebemos a escola que exclui, reduz, limita e expulsa sua clientela: seja pelo aspecto físico, seja pelas condições de trabalho dos professores, seja pelos altos índices de repetência e evasão escolar ou pela inadaptabilidade dos alunos, pois, a norma culta padrão é a única variante aceita, e os mecanismos de naturalização dessa ordem da linguagem são apagados. (Soares, 1995: 36)
Muitas das abordagens escolares derivam de concepções de ensino e aprendizagem da palavra escrita que reduzem o processo da alfabetização e de leitura a simples decodificação dos símbolos lingüísticos. A escola transmite uma concepção de que a escrita é a transcrição da oralidade. (Cagliari, 1989: 26) Parte-se do princípio de que o aprendiz deve unicamente conhecer a estrutura da escrita, sua organização em unidades e seus princípios fundamentais, que incluiriam basicamente algumas das noções sobre a relação entre escrita e oralidade, para que possua os pré-requisitos, aprenda e desenvolva as atividades de leitura e de produção da escrita.
Os que se baseiam em uma visão tradicional da leitura e da escrita continuam a ver o aprendizado dessas práticas como o acesso às primeiras letras, que seria acrescido linearmente do reconhecimento das sílabas, palavras e frases, que , em conjunto, formariam os textos, e, após o conhecimento dessas unidades, o aluno estaria apto a ler e a escrever.(Cagliari,1989: 48) Essa seria uma concepção de leitura e de escrita como decifração de signos lingüísticos transparentes, e de ensino e aprendizagem como um processo cumulativo.
Já na visão contemporânea a construção dos sentidos, seja pela fala, pela escrita ou pela leitura, está diretamente relacionada às atividades discursivas e às práticas sociais as quais os sujeitos têm acesso ao longo de seu processo histórico de socialização. As atividades discursivas podem ser compreendidas como as ações de enunciado que representam o assunto que é objeto da interlocução e orientam a interação. A construção das atividades discursivas dá-se no espaço das práticas discursivas. (Matencio,1994:17)
Como dito anteriormente, estamos propondo que enfatizemos as práticas discursivas de leitura e escrita como fenômenos sociais que ultrapassam os limites da escola. Partimos do princípio de que o trabalho realizado por meio da leitura e da produção de textos é muito mais que decodificação de signos lingüísticos, ao contrário, é um processo de construção de significado e atribuição de sentidos. Pressupomos, também que a leitura e a escrita são atividades dialógicas que ocorrem no meio social através do processo histórico da humanização.
Adotar esse ponto de vista requer mudança de postura pois a diferença lingüística não é mais vista como deficiência (Ceccon,1992:62). O trabalho com a leitura e a escrita adquire o caráter sócio-histórico do diálogo e a linguagem preenche a representação social: a palavra está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido ideológico ou vivencial. (Baktin, 1992:95)
Nessa perspectiva, a evolução histórica da linguagem , a própria estrutura do significado e a sua natureza psicológica mudam de acordo com o contexto vivido. A partir das generalizações primitivas, o pensamento verbal eleva-se ao nível dos conceitos mais abstratos. (Vigotski,1997:30). Não é simplesmente o conteúdo de uma palavra que se altera, mas o modo pelo qual a realidade é generalizada em uma palavra. O significado dicionarizado de uma palavra nada mais é do que uma pedra no edifício do sentido; não passa de uma potencialidade que re realiza de formas diversas na fala. (Vigotski,1998:156)
Segundo Paulo Freire só se lê e se escreve bem praticando muito.
"Se é praticando que se aprende a nadar.Se é praticando que se aprende a trabalhar,É praticando também que se aprende a ler e escrever Vamos praticar para aprender. E aprender para praticar melhor...”
Na fase de alfabetização, a leitura diária ajuda a criar familiaridade com o mundo da escrita. È importante que na sala de aula, a leitura e a escrita não sejam atividades secundarias, que não ocupem apenas o tempo que sobrou no finalzinho da aula. Leitura e escrita precisam ser planejadas, como atividades cotidianas.
“ Num contexto onde a escrita e a leitura fazem parte das praticas cotidianas, a criança tem a oportunidade de observar adultos utilizando a leitura de jornais, bulas, instruções, guias para consulta e busca de informações especificas ou gerais; o uso da escrita para confecções de listas, preenchimento de cheques e documentos, pequenas comunicações e atos de leitura dirigidos a ela ( ouvir historias lidas). A participação nessas atividades ou a observação de como os adultos interagem com a escrita e a leitura gera oportunidades para que a criança reflita sobre o seu significado para os adultos”. (AZENHA, 1999, p. 44)
A escola deve começar a ler para os alunos o mais cedo possível. Para os de família de baixa renda, está a cargo de o professor provocar situações desse tipo, de que os outros dispõem desde que nascem. “A alfabetização não é um luxo nem uma obrigação: é um direito” ( FERREIRO MORAES,2005)
É importante desenvolver na escola projetos de leitura, pois; ao contar uma historia para uma criança, tem-se a oportunidade de compartilhar emoções, despertar o prazer de escutar o outro e de estar em convivência com o grupo, despertar o prazer de escutar o outro e de estar em convivência com o grupo. Ao ouvir uma historia, pode-se fazer e refazer, produzir e reproduzir, no sentido de reconstruir imagens na mente, imagens do passado, estimular a criatividade.
Textos com estrutura de repetição costumam ser muito apreciados pelas crianças. São fáceis de memorizar e possibilita a identificação das palavras repetidas, o que é importante para a alfabetização. Deve-se ler uma história quantas vezes a criança quiser. Quando ela pede pra repetir é um bom sinal. A leitura de um livro não pode se encerrar nela mesma. Se a criança demonstrar interesse, deve-se oferecer outro título. Contos de fadas representam conflitos universais e ajudam na formação da personalidade. A criança interpreta a simbologia contida nessas histórias de acordo com suas vivências. Mesmo as histórias apavorantes, cheias de bruxas más, fazem as crianças identificarem seus próprios medos.
Todos nós sabemos que não é possível brincar o tempo inteiro, muito menos quando se quer desenvolver algo sério. Portanto, há momentos, dentro do roteiro de leitura, em que a maneira como as questões serão apresentadas certamente não poderão fugir ao que se pretende, e nesses momentos o aluno terá, também, questões apresentadas de uma forma mais tradicional. Mas, sempre que possível, deve-se optar por formas alternativas de elaborar as questões, utilizando, para isso, de recursos típicos de atividades "recreativas" (como jogos de todas as espécies, palavras-cruzadas, caça-palavras, recorte-colagem, entre outros já existentes ou criados pelo próprio professor). O imprescindível é que o material elaborado não tenha cara de questionário, e, se houver necessidade imperiosa De lançar mão de formas tradicionais de apresentação de questões, que estas venham intercaladas com atividades mais lúdicas, de forma a não descaracterizar este fundamento do trabalho. Claro está que quanto mais alta a faixa etária a que se destina o material, menos lúdico ele tende a ser, em termos de forma, o que precisa ser compensado com a natureza da atividade em si. O primordial é que o aluno tenha prazer em realizar a atividade.
Segundo Raquel Villardi no livro Ensinando a gostar de Ler e formando leitores para a vida inteira o hábito de ler ou contar histórias constitui um precioso instrumento para o relacionamento, trata-se de um momento de aproximações, descontração e trocas.
RESULTADOS OBTIDOS

Pode-se afirmar com toda convicção que os objetivos do projeto foram alcançados plenamente, pois houve mudança de comportamento, a leitura se tornou algo prazeroso e rotineiro, ou seja, houve aprendizagem.


AVALIAÇÃO
O resultado do projeto foi realmente algo surpreendente. A participação das crianças e dos pais foi intensa, pois os mesmos tiveram uma grande atuação para que os objetivos fossem atingidos. Escutar seus alunos comentando sobre a leitura realizada, dando o seu ponto de vista e indicando a leitura para os demais colegas foi realmente gratificante. O interesse foi realmente grande, os alunos não viam a hora de começarem a fazer as leituras sem a ajuda dos pais ou da professora. Muitas crianças sentiram certo receio de fazer leituras em voz alta o que com a aplicação do projeto se tornou algo normal e gratificante (quando eu perguntava quem quer ler, um determinado texto a resposta era imediata, a grande maioria levantava a mão) .
Procurei estar sempre presente nas tarefas em sala para ter um total conhecimento de tudo que se passava na aprendizagem de todos, obviamente que existiram alguns alunos que por dificuldades não conseguiram acompanhar toda a evolução do projeto, mas que também não deixaram de participar, mesmo com suas dificuldades. A direção e supervisão da escola tiveram uma participação constante na aplicação do projeto. As atividades usadas para avaliá-los foram várias desde uma simples leitura, como também apresentação de teatro, a musicalidade de cada um, os textos produzidos, mas principalmente o dia a dia.
Os jogos , a imaginação, a criação, a “contação” e “cantação” de histórias, o brincar comprometido, enfim, esse fazer lúdico que jamais pode ser desconsiderado principalmente por educadores, ocupa lugar central nas atividades do dia a dia em sala de aula. E, justamente nesse sentido é que se torna plausível alertar a todos nós, enquanto educadores também responsáveis pelo fortalecimento de uma educação pautada no comprometimento e na capacitação contínua, ainda que não exerçamos diretamente a prática.

AUTO - AVALIAÇÃO
No início do ano letivo assumi a turma do 2º ano “A” para alfabetizar e eu tinha um grande propósito: Alfabetizar dando ênfase na leitura. Durante o decorrer do período fui incentiva pela supervisora da escola Claudia Cristiani Benitez à participar do Concurso Paulo Freire. Eu já estava aplicando o projeto desde o início do ano letivo, bastava apenas colocá-lo no papel. Recebi apoio da Direção, Supervisão, Professores e funcionários em geral da escola.
O resultado obtido foi excelente. As crianças desenvolveram o gosto pela leitura. Hoje, são crianças realmente habituadas a ler. Houve um grande avanço na aprendizagem. Facilidade na interpretação de textos, na escrita de palavras, formação de frases, produção de textos e interpretação de problemas matemáticos.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Poesias

A Vida
Na água do rio que procura o mar;
No mar sem fim; na luz que nos encanta;
Na montanha que aos ares se levanta;
No céu sem raias que deslumbra o olhar;
No astro maior, na mais humilde planta;
Na voz do vento, no clarão solar;
No inseto vil, no tronco secular,
— A vida universal palpita e canta!
Vive até, no seu sono, a pedra bruta . . .
Tudo vive! E, alta noite, na mudez
De tudo, — essa harmonia que se escuta
Correndo os ares, na amplidão perdida,
Essa música doce, é a voz, talvez,
Da alma de tudo, celebrando a Vida!